sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

100 anos do avô Álvaro

Pois é... ontem o meu avô Álvaro faria 100 anos. A familia reuniu-se em peso e organizou o evento: a missa com o coro cantado por nós (netas), onde não faltou um representante dos bombeiros e dos pescadores de cascais com estandartes, organizações estas que o meu avô enquanto médico ajudou sem pedir nada em troca. O meu avô era uma pessoa boa. Não havia ninguém que precisasse da sua ajuda que ficasse desamparado mesmo que não lhe trouxesse recompensas monetárias. Era boa pessoa mas com mau feitio... é daqui que o nosso meu génio vem! :) Depois da missa tivemos um jantar no Centro Cultural de Cascais. A minha irmã M. fez os centros de mesa (uns pássaros em origami) lindos. A minha irmã F. fez um filme sobre a vida do meu avô que emocionou á seria. O R. e eu ficámos encarregues de tirar fotografias. A minha tia M. fez o jantar. O meu pai reuniu alguns dos poemas que o meu avô escreveu e fez livros (um máximo). A minha prima C. cantou dois fados maravilhosos... enfim mobilizámos todos para homenagear um grande homem de quem temos muitas saudades.

Era pequena e por isso não tenho muitas memórias. Mas até aos 6 anos, lembro-me de algumas coisas. A memória mais viva que tenho do avô era o ritual de pequeno almoço: de robe castanho, a mesa encontada á parede com uma toalha bordada com passarinhos, a famosa manteigueira e a maneira minuciosa e perfeccionista com que distribuia a manteiga pela fatia de pão. Depois de tomar o pequeno almoço ia ao terraço e sacudia a tabua do pão cheia de migalhas e logo vinham os passarinhos já à espera do petisco matinal habitual. Lembro-me de o ver sentado à mesa na casa de jantar e de fazer um barulho caracteristico com os dedos sobre a mesa mostrando impaciência. Recordo-me do maço de cigarros amarelo e ainda de me ter falado e mostrado uma colecção de livros que tinha ( não me lembro do nome). Tudo isto são memórias isoladas mas replectas de sentido, história e cultura. São 1/4 daquilo que sou e por muito que pareçam poucas, são são uma imensidão inesquecivel.

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