quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Nascimento do Vasco

E eu nao podia deixar de escrever sobre este dia, o dia mais importante da minha vida. 
São 5:30 e o gato nao pàra de bater a porta. Està esfomedado. Levanto-me, vou à casa de banho e vou là a baixo dar-lhe comida. Volto para a cama mas não consigo dormir nem por mais uma e passa-me pela cabeça ser hoje o dia. O Ricardo também nao consegue voltar a adormecer. Passados 10 minutos de pensamentos, sinto um liquido a querer sair, levanto-me e o Ricardo pergunta-me o que foi. Timidamente respondo "acho que me rebentaram as aguas". Ao que ele responde "tas a gozar". Corro para a casa de banho e nao consigo sair de là tal era a quantidade de liquido amniótico a sair. Por momentos tremi que nem varas verdes, ainda nao sei se de frio se de nervoso miudinho. Nao sinto contracoes nenhumas. Ligo para o hospital e mandam-me tomar o pequeno almoco e ir para o hospital para ser observada. De repente as minhas unicas calcas de gràvida ficaram me largas tal foi o liquido que saiu! E aí vamos nos de malas aviadas com uma manhã de sol radiosa. Chegamos ao hospital e a unica sensaçao que tenho é a de estar incontinente e digo-vos que é horrivel!!!! Sentamos à espera e sou chamada para analises e ecografia. O bebe està em posicao para sair mas ainda nao ha contracoes. Na sala de espera està uma rapariga mais ou menos da minha idade a gemer de dores, (fiquei aflita com lagrimas nos olhos ao olhar para ela) que se balança de pé numa cadeira para aliviar a dor. O marido està sentado a comer um pacote de cheetos a olhar para ela com o ar mais descontraído de sempre. Eu e o Ricardo tivemos um ataque de riso. 
Mandaram-nos para casa para dilatar e para ligar assim que estivesse com contracoes fortes e periódicas. E assim foi, viemos para casa, tomàmos um bom pequeno almoço, e deitei-me na sala entre mensagens, telefonemas e euforia da famila toda em Portugal. Começa a dar-me o sono e ainda consegui dormir. Por volta da hora de almoco começo a sentir contracçoes que com o passar do tempo comecam a ficar fortes mas com intervalos de 7 minutos entre elas. Começo a ter mais dor, e por volta das 5 da tarde ligo para o hospital. Mandam me ficar em casa e esperar que as contracoes sejam de 3 em 3 minutos (o que depois de ter passado pelo que passei é uma anormalidade, porque foi com menos um pouco deste tempo que tive o bebé.). O Ricardo começa a stressar com a pressao que vem da familia para me levar para o hospital e pega em mim e leva-me para o hospital mesmo o hospital tendo-me dito para ficar em casa. Chegamos là e uma midwife e uma aprendiz de midwife começam a examinar-me. As contracoes ja eram fortes mas eu facilmente conseguia controla-las atraves da respiracao. Fazem me o exame (2 vezes porque a aprendiz tb fez) para saber com quantos cm de dilatacao estou. Na altura estou com 2 cm e depois do exame começo a sentir cada vez mais contracoes. Diz que tenho de ir para casa e esperar para dilatar, ainda mais sendo o primeiro filho, que demora sempre mais tempo. As contracoes deveriam ser de 1 minuto a cada 3 minutos para ir para o hospital. Começo a ficar enjoada, a ver mal do olho esquerdo e a sentir o lado esquerdo do corpo dormente. Digo à midwife que desvaloriza (diz que é normal). Entretanto vai buscar me 2 paracetamol e eu a olhar para o recipiente de papel via 4 comprimidos em vez de 2! Tomo os comprimidos, visto-me e quando me levanto da marquesancomeço a vomitar. Começo a sentir dores fortissimas, sempre inclinada sobre o parapeito da janela da sala de observação. Olho là para fora e vejo pessoas sentadas descontraidamente ca fora e desejo nao estar a sentir estas dores que estão a cavalgar. Vamos embora e no caminho para o parque de estacionamento, tenho de parar de 5 em 5 minutos com contracoes fortissimas onde ate tinha de me por em bicos dos pés. Chegamos ao carro e a viagem para casa (+- 25 minutos) é feita numa agonia extrema com dores alucinantes. Chegamos a casa e antes de sair do carro, tenho uma contracão em que senti vontade de fazer força para o bebe sair. 
Chego a casa e enfio me num banho de imersão. O Ricardo começa a cronometrar as contracoes e ja estou a ter de 2 em 2 minutos com a duracao de 1 minuto cada uma. A cada contracão faço força para o bebe sair. É inevitavel. E a dor... Como eu nunca pensei que existisse dor igual. Chega cà a casa a minha tia que vive em Inglaterra hà 30 anos. O Ricardo começa a ver-me a ficar cada vez pior e diz-me para sair do banho. Saio da banheira e ponho as mãos na borda da banheira, vem aí outra contracão. Sinto a cabeça dele a querer sair do meu utero e digo ao Ricardo "Liga para a ambulancia. Ele vai nascer". Tinha dilatado 8 cm em 1 hora (quando normalmente só se dilata 0,5 cm por hora). O R. liga para as emergencias e o paramedico diz lhe que se eu tenho vontade de fazer força que devo fazer e diz-lhe para me deitar na cama com algumas toalhas. Estou completamente paralizada na casa de banho e não me consigo mexer. Espero que esta contracão passe. Com a minha tia dum lado e o R. do outro deito-me na cama. Chega o paramedico passados 2 minutos. Estava perto cà de casa. Nunca fez nenhum parto. Liga para as emergencias a pedir paramedicos com experiencia em partos. Nao tem experiência mas tràs com ele o que foi o meu alivio. Um gas para eu inalar e que me aliviou muito a dor. Passado pouco tempo chegam as duas paramédicas, Claire e outra que nao me lembro do nome. Nao quiseram arriscar a levar me para o hospital depois de me cronometrarem as contracoes "Okay Teresa. The baby will be born here". A Claire super calma e pràtica o que me passou muita confiança. Ja tinha feito 40 e tal partos. Olhei-a nos olhos como quem pede direcçoes nesta aventura na qual eu nao tinha qualquer experiência. A cada contracao apertava a mao da minha tia com tanta forca que achei que lhe tinha partido a mao. Só via o R. escada acima escada abaixo e vinha espreitando o que se passava. Em mais ou menos em 20 minutos o Vasco nasceu. Às 20:08 no dia 27 de Agosto. Puseram no em cima de mim e ali ficou mais ou menos 1 hora. O R. só dizia: "Nao imaginas o amor...".  Depois chegou uma midwife que esteve a fazer as medicoes, e a preencher papelada. Tomei um banho e tentei disfarcar a chassina que parecia ter havido nosso quarto. Passadas 2 horas estava quase como nova na sala a jantar com o meu bebe ao colo. E foi assim a historia do nascimento do nosso Vasquinho que ja faz hoje 1 semana e ainda parece ser tao irreal. Ontem a noite olhei para ele e fiquei com lágrimas nos olhos: apercebi-me que ele é a dàdiva mais preciosa que tenho na vida.


2 comentários:

luisa disse...

ainda estou de lágrimas ao canto dos olhos minha heroina! adoro-te

M de M disse...

Que relato incrível e ainda bem que teve o melhor final de todos ;-) por aqui as coisas são bem diferentes e usado da que pensar.... Mas enfim , a minha sorte em relação a isso da dilatação foi já estar na maternidade, é que quando as águas rebentaram estava com 3 dilatação e foi só tomar banho, deitar me na maca, percorrer um corredor e descer um piso de elevador... Quando cheguei lá abaixo pedi pata fazer força ao que me chamaram de 'doida'. Meteram a maio e lá estava eu com 8.... Lá fiz força 3 vezes e fez se luz... Aliás a luz que está prometida ao teu.. Ahahah .. Vez, gira e despachada. Beijos !!!